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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Mais perto dos 30...



Eis que me encontro oficialmente mais perto dos 30 do que dos 20.
Assim como grande parte das pessoas que conheço, não tenho a vida que imaginava que teria nesse ponto quando estava na metade da caminhada.

Não casei nem tenho filhos ainda, aliás, nem mesmo namorado ou pretendente. Não tenho um notável reconhecimento profissional, nem independência financeira suficiente para dar conta da minha vida e por isso, e por tantas outras coisas, ainda não moro com meus pais.

Não aprendi a cantar nem virei uma diva pop. Não coloquei silicone no peito e acho até que acostumei com eles assim... Nem sei mais se quero ter um cachorro, como pensava que teria e que nunca tive, afinal quem vai ficar com ele quando eu for trabalhar/viajar/sair? Também não conheci a Disney ainda e isso sim eu sei que quero um dia.

Olhando superficialmente, pouca coisa mudou na vida daquela pré-adolescente. Ok, ela se formou, pós-graduou, hoje trabalha e conseguiu ao menos comprar seu carro. Até pouco tempo atrás ainda me via como uma pré-adolescente: cheia de dúvidas, sem rumo na vida. Diferente daquela menina, já não tinha mais tantos sonhos, porque a vida parecia me fazer acreditar que já não valia a pena sonhar.

O tempo foi passando e vários conceitos foram se arraigando. Eu me achava forte e pensava que sabia de tudo, mas, por algum motivo, não sabia sorrir com o coração, por algum motivo, num determinado momento achei que ia sufocar.

Como num filme Disney, um sábio me falou que eu podia aprender com o meu passado e foi isso que resolvi fazer. Foi aí que eu comecei a procurar novamente aquela menina de seus 12... 13 anos. Tentei lembrar quais eram os sonhos dela, o que ela sentia, como ela agia, o que ela pensava. Procurei também pela criança espoleta, que arrancava gargalhadas dos adultos com seu jeito espontâneo e divertido... A menina que falava o que pensava, fazia a graça que queria e que chorava quando tinha medo. E foi aí que a vida ficou mais fácil de viver.

Comecei a ver meus ganhos e descobri que tinha sim o meu valor. Podia não marido e filhos, casa própria nem um cargo de gerência. Podia não ter viajado o mundo nem ter adquirido um belo par de seios. Mas sou formada em uma das melhores faculdades de Comunicação do país, tenho certeza que escolhi a carreira que amo, ainda que (ainda) não trabalhe com aquilo que me enche de brilho os olhos; estou prestes a lançar um livro (já plantei um girassol, vale como árvore? Se sim falta apenas o filho mesmo).

Não viajei para vários lugares, mas comprei meu carro zero com o meu próprio dinheiro, que uso de maneira planejada, deixando sempre um pouquinho guardado para a vida...  Ou para as viagens futuras!

Estou desenhando um corpo que sempre quis ter com esforço diário na academia e na dieta (mas repito: antes de começar a malhar a bunda, eu me formei e pós-graduei - se liguem, novinhas). Se quiser ainda posso usar alguma parte daquele dinheiro para o silicone, quem sabe? 

Não encontrei um amor para chamar de meu, mas encontrei o meu amor. Meu amor próprio, meu valor... E eu sei, o príncipe não vai chegar em um cavalo branco, mas vai chegar sim. Mesmo que venha dirigindo um caminhão de problemas, meu coração (ou Deus, com quem tenho firmado uma amizade cada dia maior) vai dizer que é ele e eu não vou desistir... Talvez ele seja o pai dos meus filhos, talvez não, mas o filho eu também vou ter! Ahh... Se vou!


Por mais que não exista lógica prática nisso, hoje, mais perto dos 30, me sinto muito mais próxima da pré-adolescente inocente de talvez 10... 11 anos; do que da jovem "esperta" de 19... 20. Se aquela menina soubesse a força e o valor que tinha já com sua pouco idade, meu amigo, era bem possível que hoje o mundo já tivesse ouvido falar de mim!

Mas me ensinaram que tudo vem no tempo e o nosso amadurecimento. Que se a gente pedir uma manga para um velho sábio, ele nos dará a maior e mais linda do pé, só que talvez, ao mordê-la, a gente vai perceber que ela ainda está verde... Que apesar de linda por fora, ela ainda não amadureceu por dentro.

Eu gosto de manga verde. Não é docinha e suculenta como a manga madura, mas com um pouquinho de sal, até que fica gostosa. Acho que esse gosto fica claro quando a gente vê o tanto de tempo que passei fugindo da minha essência, da minha doçura, do meu amadurecimento. 

Mais perto dos 30 parece que estou recuperando meu paladar infantil e aprendendo a esperar a hora certa de cortar a fruta e provar seu gosto de mel. Estou recuperando minha inocência, me livrando dos meus medos, caminhando em busca dos meus sonhos. Estou sendo eu à procura do meu melhor.


Sou apenas um caminhante
Que perdeu o medo de se perder
Estou seguro que sou imperfeito
Podem me chamar de louco
Podem zombar das minhas ideias, não importa!
O que importa é que sou um caminhante
que vende sonhos para passantes
Não tenho bússola nem agenda
Não tenho nada, mas tenho tudo
Sou apenas um caminhante
À procura de si mesmo.

Augusto Cury - O vendedor de sonhos: O chamado

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