arquivo

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Me deixa viver assim


Fazia todo o dia tudo igual. Acordava, vestia biquíni, uma roupa levinha e nos pés sempre os chinelos de borracha. Sentava-se à mesa do café da manhã e o cardápio se repetia: pão francês com frios e suco de laranja. Um cafezinho para despertar direito finalizava a primeira refeição.

Praia. Tirava suas vestes e lambuzava o corpo de protetor solar. Mesmo que o sol não estivesse lá. Sucos naturais, água de coco e alguns drinks intercalavam-se às soneca sob o sol ou às caminhada à beira-mar. Vez ou outra um mergulho a refrescava do calor.

O almoço eram apenas alguns belisquetes. A verdade é que mal se lembrava de comer enquanto estava ali de bobeira. Gostava daquela maresia, curtindo sua preguiça, à toa e sem preocupações... Distraía-se com o movimento no calçadão; observava os variados esportistas que surfavam, jogavam frescobol, voleibol, futebol ou qualquer outra coisa pelas areias; divertia-se com as rimas e cantos dos ambulantes que usavam de toda a simpatia para conquistar os clientes.

Gostava de ver a pele dourada quando se banhava e ficava feliz trocar a roupa para outro modelo fresquinho e os pés em seus confortáveis chinelos. O jantar era simples e acontecia cedo... Parecia que era após o banho que a fome, inexistente ao longo do dia, vinha se manifestar.

A noite sempre acabava em um quiosque sob o luar, passava o resto da noite jogando conversa fora com os amigos e algumas garrafas de cerveja (ou potinhos de sorvete) sobre a mesa.

Sentia-se tão a vontade que tinha certeza que pertencia àquele e a mais nenhum outro lugar... Era difícil acordar na cidade cinzenta, o corpo ficava pesado nas calças e camisas sociais e os pés doíam dentro dos sapatos fechados.

Ahh se pudesse viver sempre naquela marcha lenta a férias...
Ahh se o sol estivesse sempre brilhando e da janela visse a praia...
Ahh uma geladeira cheia de sucos e drinks refrescantes sempre a seu dispor...
Ahh a roda de amigos nas noites enluaradas...
Ahh o verão... Ahh os chinelos de borracha...

Amava o frenesi das grandes metrópoles... As cidades que nunca param! Sentia até prazer em embelezar-se para o trabalho ou para a noite, mas cada vez que chegava para perto dele tinha certeza que era filha do mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo seu comentário!