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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Corpos distantes

Despediram-se para as férias de verão com a promessa de se reencontrarem e viverem o amor que a muito existia subentendido para eles. Por vezes tentaram negar que a amizade já não era o bastante e, ainda que disfarçassem os olhares de desejo e ciúmes na frente dos outros, em particular trocavam mensagens de casal, como sabiam que eram.

As circunstâncias ironizaram os parceiros quando, finalmente, se entregaram ao beijo doce que só esperava o momento certo para acontecer. Mas que momento certo seria esse se teriam de se separar? Ainda que por pouco tempo, ainda que soubessem do respeito e da admiração que tinham um pelo outro, ainda que o mel da boca do outro embebedasse o apaixonado na despedida, sabiam que o melhor era aguardar o regresso para assumir a relação.

E assim passaram-se os dias. Fisicamente distantes. No início trocavam mensagens animadas e cheias de saudade. Não queriam apenas o doce sabor do beijo, mas o amargo sabor do pecado. Ansiosos, aguardavam o dia do reencontro cheios de paixão.

O contato com o tempo passou a rarear, mas, dentro dela, ainda ardia o fogo que ele acendera.

Voltara de viagem dias depois dele, esperara um contato, mas, sem que o obtivesse, dera um jeito de encontrá-lo.

Ahh! Aqueles olhos atenciosos que aos poucos a conquistaram. A fala mansa, o riso frouxo... Tudo parecia igual, ainda que a atmosfera tivesse um peso diferente.

Os lábios enfim se encontraram e, então, ela pode perceber: enquanto o imaginava arrancando-lhe as peças de roupa e pedindo-lhe para que fosse só sua, ele a segurava com alguma distância e parecia ter pressa em finalizar o beijo...

Mais uma vez despediram-se. Não mais como quem espera o reencontro, mas como aqueles que sabem que seus corpos se manterão, dali em diante, para sempre distantes.

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