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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A fé

O relógio tocou antes mesmo das 7h da manhã. Era uma segunda-feira gelada e Vitória se perguntou, por alguns instantes, se não havia algum disfunção em seu corpo que a possibilitasse ficar na cama durante todo aquele dia. Desejou ardentemente que o alarme tivesse disparado acidentalmente e que aquele fosse um domingo preguiçoso ou, até mesmo, uma segunda-feira fria, mas de feriado. Não era, precisava mesmo levantar e ir para o trabalho.

Sentia o corpo pesado, mas não tão pesado como a sua cabeça. Mil pensamentos se entrelaçavam e a confundiam num misto de desespero, tristeza, cansaço e desesperança. Estava tentando ser firme, mas era difícil com tantas coisas acontecendo em sua vida. Tudo estava um caos e ela só pensava em fugir.

Dez minutos depois, revirando-se em sua cama, reuniu toda a coragem que tinha para se levantar. Lavou o rosto no banheiro e o observou, tinha aparência abatida. Sentia os olhos pesados e sabia que não era sono e sim uma vontade louca de chorar. Havia um nó na garganta, mas o choro não saia, apenas o peito que doia.

Não se sentia satisfeita no trabalho. Em sua casa tudo estava um caos. O namorado já não parecia se importar tanto assim com ela. Que ironia para uma Vitória, uma vida assim de tamanhas derrotas. Nenhuma possibilidade de mudanças dependia somente dela. Não sabia o que fazer.

De frente à penteadeira, enquanto terminava de se maquiar e se aprontar para sair, avisou uma caixinha com mensagens como as de realejo, que uma tia havia trazido de viagem certa vez. Olhou no relógio e percebeu que ainda tinha alguns minutos. Pegou a caixinha cuidadosamente entre as mãos, fechou os olhos e pediu com muita fé uma resposta para suas angústias.

A mensagem pedia apenas para ter calma e fé que tudo se acertaria da melhor maneira possível. Alguém já havia lhe dito aquilo alguns dias antes. Guardou o papel com cuidado de volta na caixa, aprontou-se e partiu. Sentiu seu coração se acalmar lentamente e conseguiu sorrir. Um sorriso tímido, mas esperançoso... Apenas fé era o que podia ter. E teria. 

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