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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O primeiro namorado

   Lembrava-se com carinho do primeiro beijo e das circunstâncias em que ocorrera. Estava em uma festa com suas amigas e avistara, de longe, um rapaz muito bonito, de pólo vermelha. Sentia-se um patinho feio entre as outras meninas da sua turma. Algumas já encorpadas, tipo mulherão; outras magrinhas, bem menininhas; chamavam muito mais a atenção dos garotos do que Milena, que ainda desenvolvia o corpo e parecia gordinha e sem graça entre as colegas.
   Achava que o garoto nunca olharia para ela. Apesar da cara de moleque, parecia ser mais velho e era muito charmoso. Estava rodeado de amigos, com um copo de bebida em uma das mãos e um cigarro na outra. Bad boy, como ela gostava, mas que, sabia, jamais se aproximaria.
   Aproveitava a festa com as meninas. Sua melhor amiga, estava do lado de fora, conversando com alguns garotos de sua sala que a viviam rodeando. Andrea era bonita e simpática, Milena às vezes tinha ciúmes, mas amava tanto a amiga que não se importava, gostava de estar sempre com ela. Enquanto dançava na pista, sentiu alguém lhe tocar os ombros. Virou-se e se deparou com um rapaz lindo.
   “Meu amigo quer te conhecer”, ele disse. Desanimou-se, achou que era algum menino nerd e sem graça, que, certamente, mandara o amigo bonitão se aproximar só para deixar o alvo interessado. Ainda assim, simpática, continuou o assunto e perguntou quem seria o tal admirador. “Aquele ali. De pólo vermelha!”
   Milena sentiu as pernas bambearem ao reparam que se tratava daquele, que avistara no início da festa e que pensara que jamais a olharia. Seria uma pegadinha dos meninos? Seria um sonho? Não sabia, mas pagou para ver. O rapaz se aproximou e começaram a conversar. Chamava-se Erick, tinha 18 anos, o que era bastante se comparado aos seus recém completados 15, e, descobriu em seguida, era conhecido de alguns dos garotos de sua sala.
   Após mais algum tempo de conversa, beijaram-se. Seus pés pareciam sair do chão, ainda achava que se tratava de um sonho e que poderia acordar a qualquer momento. Aproveitou o momento, mas que despertasse. Já havia beijado outro garoto antes, em uma brincadeira daquelas de criança, mas não era a mesma coisa.
   No fim da noite, trocaram telefones, despediram-se e ela achou que seria mais uma personagem da série “menino pede telefone, menina aguarda telefonema a semana inteira, menino nunca mais dá sinal de vida”. No entanto, estava feliz. Havia valido a pena.
   Qual não foi sua surpresa quando, no dia seguinte à festa, seu telefone tocou. Era Erick e eles conversaram sobre tudo. Pelo menos uma hora ao telefone. Marcaram de se encontrar ainda naquela semana, iriam ao cinema no shopping perto de suas casas. No outro dia, ele ligou de novo e no outro também. Se falaram todos os dias até o segundo encontro, quatro dias após a festa. Não queria se empolgar muito com a relação, mas se sentia nas nuvens.
   Não sabia como se vestir para ir logo ali, no cinema. E se ele a visse novamente e não gostasse? E se ele não aparecesse? Mas ele apareceu. Ainda mais bonito do que ela se lembrava. Simpático, cavalheiro. Tirara a sorte grande.
   Ainda se falaram naquela noite e se viram na tarde seguinte. Nada como estar de férias e poder encontrar com Erick todos os dias. Faziam programas simples como tomar sorvete ou passear no shopping. Conversavam sobre a escola, suas famílias, os amigos em comum, planos para o futuro...
   Na semana seguinte, novamente no cinema, enquanto assistia à cena final com a cabeça recostada no peito de Erick, Milena sentiu um beijo no topo da cabeça e o olhou carinhosamente. Sorrindo, o rapaz perguntou “Você quer namorar comigo?”. Sem saber se ria ou se chorava, optou por beijá-lo com o coração disparado. Não sabia como seria nem o quanto iria durar, mas estava feliz com seu primeiro namorado.

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