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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dilema do primeiro encontro

Clarissa chegou apressada, jogou a bolsa na cama e foi se banhar. Escolheu cuidadosamente cada produto que usaria: um creme hidratante que não deixasse o carpo muito melado, um perfume doce que não fosse enjoativo e maquiagem com pouco brilho. Na hora de se vestir mais um dilema: queria estar bonita, mas sem exageros. Diego a havia convidado apenas para um cinema, não convinha uma mega produção. No entanto, também não poderia parecer desleixada. Como, em meio de um guarda-roupas lotado, não conseguia achar nada adequado?

Optou por uma calça escura ajustada ao corpo, blusinha solta e sapato baixo. Apenas por garantia vestiu um conjunto de lingerie bonitinho. Assim como o restante do visual, era básico, porém arrumadinho. Não pretendia revelá-lo no primeiro encontro, mas sentia-se mais segura estando preparada.

Conhecera Diego em uma festa, trocaram telefones e vinham se falando há cerca de três semanas. Fazia o tipo dela e, além de tudo, era simpático e atencioso. Ainda assim, percebia que não seria fácil. Pensara até que, por demorarem a marcar o primeiro encontro, ele não aconteceria e acabariam, com o tempo, se distanciando e finalizando uma história que ainda nem começara. Não queria aquilo. Havia gostado dele e queria conhecê-lo melhor.

Apesar da confusão que fizera em seu quarto, meia hora antes do combinado já estava pronta, contrariando qualquer lógica feminina. Sentiu um friozinho na barriga quando percebeu que era ele quem estava atrasado. Cumprimentaram-se com um beijo no rosto que esbarrou no cantinho da boca, os deixando sem graça. Além do rubor na face, Clarissa sentiu um calafrio percorrer seu corpo pelo desejo.

Escolheram uma comédia e sentaram-se nos fundos do cinema. No escurinho da sala, conversaram sobre como havia sido o dia e amenidades quais queres. Em certo momento, quando a tela também escureceu e o silêncio tomou conta, um beijo foi inevitável. Um beijo lento, quente e envolvente. Exatamente como ela imaginava que seria. Repousou a cabeça sobre o peito forte de Diego e viram o filme assim. Beijando-se carinhosamente em alguns intervalos de falas e, outras vezes, com mais ardor.

Enquanto subiam os créditos na tela, o casal se abraçava tomado pelo desejo. As mãos grandes e quentes do rapaz a envolviam e deslizavam por suas costas e cintura. Clarissa retribuía o carinho e por vezes sentia arrepios percorrerem seu corpo em decorrência de uma mordiscada que ele lhe dava no lóbulo ou mesmo por um aperto em sua nuca. Saíram do cinema de mãos dadas e, já dentro do carro, ainda no estacionamento, começaram com novos beijos e abraços assanhados.

O desejo exalava de seus corpos. Clarissa não queria ser apenas mais uma. Estava farta dos rapazes com quem se relacionara no passado, os quais ligavam apenas para uma noite de sexo casual e nada mais. Decidira que, a partir de então, as coisas seria diferentes e, mesmo com vontade, se seguraria. Não era fácil. Diego sabia como fazer e sua vontade de ceder aumentava a cada minuto.

...

Horas depois, deitada em sua cama, Clarissa ainda lembrava o toque forte e, ao mesmo tempo, macio das mãos de Diego em sua pele. Tomara uma difícil decisão e ainda se perguntava se havia sido a certa. Não sabia se ele ligaria no dia seguinte, na semana seguinte; não sabia quando, ou mesmo se, iriam se encontrar novamente. Tinha medo de se arrepender, mas não havia mais volta.

Cansara de se arrepender pelo que fazia e, naquela noite, optou por não fazer. Não queria mais ser aquela que só emprestava seu corpo para os momentos de prazer e que nunca tinha alguém em quem se apoiar.

A vontade de ter Diego mais próximo de si ainda fazia seu corpo latejar, mas decidira que seria assim. Se não a quisesse por inteiro, não seriam apenas partes dela que conquistaria.

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