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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Uma viagem qualquer

Pensava que aquela seria apenas mais uma viagem para o flat da família no litoral norte. Queria tomar um pouco de sol e relaxar antes de se mudar para o interior, onde moraria para cursar uma renomada faculdade. Era filha única e apegada à família e sentia saudades, por ter passado os últimos três anos estudando no exterior. Já não conhecia ninguém lá. Ficaria curtindo o feriado com os pais e nada mais.
Deixaram as malas na suíte e desceram para o restaurante para o café da manhã. Enquanto saboreava seu chocolate quente, Diana observou um rapaz bastante interessante adentrar o recinto também acompanhado dos pais. Moreno, alto, rosto másculo e sorriso tentadoramente simpático e charmoso. Parecia conhecer todo mundo ali, provavelmente descia bastante para a praia, já que seu corpo apresentava um bronzeado bonito.
Levantou-se para se servir de mais alguns pães e biscoitos do Buffet, mas não se passava de uma desculpa para que ele a notasse. Percebeu o olhar dele e (mais um) sorriso. Esbarram-se e ela sentiu um calor a aquecendo internamente e desconcentrou-se. Teve medo de cometer alguma gafe perto dele, mas tudo correu bem. Ele se desculpou e deu a vez a ela. Era educado e tinha uma voz maravilhosa.
Já na praia, o observou novamente pelos arredores. Enquanto ele pegava onda, jogava vôlei e futebol com os colegas, ela não conseguia parar de fitá-lo por trás dos óculos escuros. O abdômen definido, os braços fortes, o olhar intimidador. Era realmente lindo. Entristeceu-se por não ter nenhuma habilidade esportiva para poder se enturmar, era tímida demais para se aproximar e estava com os pais. Levantou-se para um mergulho no mar. Era esbelta; rosto e corpo bonitos e um sorriso discretamente sensual. Sabia que chamava a atenção dos homens e usou isso para atraí-lo. Ele a olhava interessado, mas não fazia nada. Nem ela.
Os dias foram se passando e Diana não conseguia pensar em mais nada senão ele. Trocavam olhares e, às vezes, algumas palavras em situações (armadas por ela, claro) em que se trombavam despretensiosamente. Estava encantada pelo rapaz e, em sua cabeça, fantasiava um romance. No entanto, não passava de fantasia. O máximo que conseguira era descobrir, ouvindo a conversa alheia, que se chamava Pedro, era solteiro e filho único, como ela; e que morava no interior (mas, droga, não na mesma cidade para onde ela se mudaria). Descobrira, também, o número da suíte dele, 565, certa noite o ouvindo falar com um amigo no telefone e pedindo que ele batesse lá para saírem.
Seus pais iriam voltar para a capital no fim da tarde de domingo. Ouvira que Pedro e a família também partiriam naquele dia, após o almoço. Era sua última chance. Acordou cedo e foi para a praia decidida a conversar com ele, mas suas esperanças foram por água abaixo ao ouvir a mãe dele comentado com uma amiga que o filho saíra na noite anterior e decidira ficar no quarto naquela manhã. Desapontada, tomou um banho de mar para esquecer a história e desistira. Estava acabado o feriado.
Após o almoço, retornou ao flat com a família para arrumar as malas. Havia acabado de sair do banho quando o telefone tocou: “Alô?”
“Oi, aqui é o Pedro do 565... Queria falar com você. Me encontra no salão de jogos?”
Um arrepio tomou conta de seu corpo. Teve medo de ele a estar convidando apenas para tirar onda com sua cara, pensou ter ouvido errado, ficou confusa, mas a curiosidade, e o desejo, eram muito maiores e, então, se perfumou e seguiu para o salão de jogos.
Pedro já estava lá quando ela chegou. Não teve tempo de falar nada, ele simplesmente a agarrou e a jogou contra a parede, onde se beijaram demoradamente. Os braços longos a envolviam no corpo quente do rapaz; as mãos deslizavam pelo seu corpo e os beijos eram intensos e sensuais. A sala estava escura e vazia, mas o medo de serem pegos a fazia estremecer ainda mais de prazer.
Quando, finalmente, as bocas se separaram, ele disse apenas que precisava ir, mas que tinha gostado muito de conhecê-la. Trocaram mais uma meia dúzia de palavras e ela passou seu telefone para ele, antes de se despedirem com mais um beijo demorado. Sabia que dificilmente o veria novamente, mas estava feliz. Sentia-se entorpecida e pelo seu corpo percorria apenas a sensação de quero mais.
Tinha valido a pena. Não tinha sido uma viagem como outra qualquer.

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