Fariam quatro ano juntos. Conheceram-se na faculdade, através de amigos em comum. Amor a primeira vista, o namoro começou um mês após o primeiro beijo. Gostavam de viajar juntos, eram aventureiros e, mesmo aproveitando muito os momentos a dois, também eram presença frequente nas festas entre amigos.
Apesar de confiar muito no amor de Matheus, Isabela o sentia diferente, meio distante. O dia dos namorados cairia em um feriado naquele ano e ela sugeriu uma viagem à serra. Ele negou. Andava quieto e ela temia esse comportamento, ainda mais vindo de alguém sempre tão animado como o seu Matheus.
Conversavam muito sobre o futuro, desejavam se casar quando chegassem aos 27 e teriam um casal de filhos lindos, como eles. Isabela se perguntava se o amado estava inseguro sobre o relacionamento; se seguissem com os planos, o matrimônio dali a menos de dois anos; talvez não estivesse preparado e não soubesse como contar a ela.
Quarta-feira fria, véspera de feriado. O dia dos namorados seria na sexta. Isabela não iria trabalhar, mas Matheus sim. Iriam jantar após o trabalho e, durante o dia, talvez ela ficasse pensando em mais algum item para incluir na caixinha de lembranças que preparava de presente para ele. Nada estava saindo como ela planejava, mas não deixaria a data passar em branco.
Desligava o computador em seu trabalho quando a recepcionista lhe passou uma ligação: Matheus.
"Tem um táxi te esperando na frente do escritório. O motorista tem todas as coordenadas. Venha rápido."
Sentiu uma fisgada no estômago. Maus pressentimentos sobre o encontro. Tentou arrancar do taxista alguma informação, mas o homem parecia mudo. Tráfego intenso e, sem saber para onde iam, percebia que era longe.
Pararam no aeroporto internacional. Matheus a esperava com um buquê de rosas e bilhetes aéreos nas mãos. Já havia despachado as malas e feito o check-in (combinara tudo com a mãe de Isabela, que fez as malas e separou os documentos da filha).
"Meu Deus! O que é isso? Para onde vamos?" "Las Vegas!"
Vegas não era exatamente a viagem romantica que planejava, mas a alegria irradiava de seu corpo de tal forma que não conseguia sentí-lo. Para quem imaginava que não passaria nem ao menos feriado com o namorado, até mesmo o Iraque seria um bom destino. Que bela surpresa Matheus armara.
Já em solo norte-americano, seguiram para a melhor suíte de um lindíssimo hotel. Isabela já vislumbrava dias de muita diversão nos cassinos e noites ardentes com seu amor. Ressentiu-se por ter deixado seu presente de dia dos namorados, feito com tanto carinho, em casa. O perfume, comprado discretamente no free-shop antes do embarque, não era o presente que gostaria de dar, mas Matheus entenderia.
Na manhã de sexta-feira acordou animada e cheio de mimos com o namorado. Matheus pediu o café da manhã no quarto, ficariam um pouco mais sozinhos, antes de se lançarem aos jogos e bebidas. Sugeriu que Isabela tomasse um banho enquanto aguardavam o café e ele arrumava um pouco as coisas.
O dia estava quente e a ideia pareceu perfeita. Demorou-se um pouco mais do que de costume, perdendo tempo pensando se era possível aquela viagem ficar ainda mais maravilhosa do que já estava.
Saindo do banho, enrolada em um roupão, deparou-se, atônita, com um Matheus de terno ao lado da cama, onde repousava um simples, porém lindo, vestido branco. O rapaz sacou uma pequena caixinha vermelha do bolso e esticou as mãos a Isabela:
"Já não posso mais aguardar para tê-la como minha esposa, meu amor."
Um anel de brilhante reluzente foi revelado dentro da pequena caixa. Uma lágrima reluzente de alegria escorreu pela face de Isabela, acompanhado de um titubiante, porém sincero, "Eu te amo".
Casaram-se em Vegas.
Casaram-se novamente, dois anos depois, com a presença da família e toda a pompa e circustância que pede um matrimônio, mas o casamento que guardariam para sempre na memória seria aquele, o primeiro casamento, improvisado e com testemunhas desconhecidas.
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