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segunda-feira, 13 de junho de 2011

A promessa

     Vestiu-se com a melhor roupa, rendendo-se à lycra que lhe desenhava as curvas e subindo no salto para parecer mais sensual. Maquiagem leve, mas que se fazia notar naquele rosto de menina que outrora enfeitava-se apenas a um discreto brilho labial. A noite fria prometia esquentar ao som de rock antigo, amigas reunidas e, provavelmente, alguma bebida.
     Lucinha não era de beber, mas estava pensando em se render ao álcool naquela noite e libertar-se, definitivamente, da imagem de menininha. Estava cansada de ser vista como um bibelô e de ser tratada cheia de não me toques. Evidentemente, reconhecia as vantagens de ser mimada pelos que a cercavam, mas desejava aventura e um amor selvagem.
     Com o celular nas mãos suadas, sentiu a vibração e, tensa, logo identificou no visor o número do ex-namorado, André. Relutou em atender, mas, em minutos viu-se telefonando para as amigas e desmarcando a caçada no bar. Era impossível resistir a um convite de André, quando ele o fazia assim, tão manhoso.
     Feliz com seu visual matador, Lucinha pôs-se a esperar pelo ex. Uma, duas horas e mais nenhuma ligação. Mandou um torpedo que não fora respondido. Tentou telefonar em vão. A voz suave da gravação da caixa postal, feria-lhe os tímpanos como pequenas agulhas enfiadas embaixo das unhas e que, na verdade, atingiam o coração.
     O rímel que alongava os cílios começou a escorrer, juntamente com as lágrimas salgadas que rolavam por sua face, deixando um rastro sob a maquiagem tão bem feita, mas Lucinha não se deu por vencida. Enxugou-as, ergueu a cabeça e tornou a recorrer ao telefone. Se recompôs e encontrou as amigas no bar. Dançou, bebeu e, quando parecia que nada mais poderia estragar sua noite, foi, novamente, apanhada por um golpe de azar.
     Olhou para perto do palco e viu André. André, com amigos em volta e uma loira corpulenta ao lado. Uma loira corpulenta que tascava-lhe um beijo demorado no pescoço. Um beijo demorado no pescoço, que logo se transformava em um beijo cinematográfico apaixonado.
     Lucinha também se sentia em um filme. Com o coração disparado, ficou imóvel acompanhando àquela cena. Quando voltou a si, novamente com o rosto molhado pelas lágrimas, que nem sentiu cair, puxou uma amiga pelo braço e correu para fora dali. Sentada no banco carona do carro, desolada, fez uma promessa a si mesma: Nunca mais outro homem a faria sofrer como ele fizera.

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